Para celebrar o 125º aniversário de Campo Alegre, o Folha Norte SC entrevistou o produtor da matéria-prima de uma bebida responsável por animar as diversas festas brasileiras. Fundamental para a fabricação de cerveja, o lúpulo campo-alegrense também tem motivos para comemorar: a planta encontrou no município o ambiente perfeito para seu desenvolvimento.


Produzido no perímetro rural do município, pelo agricultor Heron Elias da Silveira, de 69 anos, o pequeno cultivo trabalha com 10 espécies aprovadas pelo Ministério da Agricultura. O termo de qualidade e procedência é necessário para que as mudas e o próprio lúpulo possam ser vendidos, como comenta o produtor. Além disso, o efetivo cuidado com a plantação, e a perspectiva da conquista de novos produtores, já estimulou os bancos a criarem linhas de crédito para esta categoria de cultivo.

Visitamos o espaço que são cultivadas as plantas. Algo próximo à produção de uva, com hastes que se estendem por 7 metros de altura. Segundo Heron, a altura é necessária devido ao rápido crescimento do vegetal: “São cerca de 30 cm por dia”, revelou. Outra curiosidade é a necessidade que a planta tem pela água: 18 litros por dia. Algo obtido em um rio que corta a propriedade. Após crescerem, as plantas são podadas para retirarem os favos de lúpulo. A base do caule permanece para crescer até a próxima safra.

Sobre a variação dos tonalidades de sabores, as diferenças são definidas por cada espécie da planta, como comenta a engenheira florestal Fernanda Barbano Weingrill que zela pela plantação. “Em questão da flor, da lupulina, cada espécie tem sua características, uma dão mais o aroma, outro não mais o amargor, e tem as diferenças de uma ser mais frutada e outra mais amadeirada”.


Em uma estufa os favos são selecionados, prensados e guardados em tabletes, que seguem para cervejarias da região, inclusive do próprio município. Este processo de armazenamento requer um cuidado especial que, de acordo com Heron, irá interferir no sabor da bebida. “Ele (o lúpulo) seca sem calor para que ele não perca os óleos essenciais, que é o que vai dar o aroma, o amargor para a cerveja”, acrescentou.

Heron lembra que o que começou com uma simples brincadeira para ocupar tempo tornou-se uma produção séria, ganhando novos ares no Planalto Norte catarinense, com uma perspectiva de venda de 60 mil pés nesta temporada para demais municípios da região.
Texto: Herison Schorr
Jornalista formado pela Faculdade Bom Jesus Ielusc
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