São 655 casos de dengue registrados em São Francisco do Sul este ano. O número foi divulgado pelo Diretório de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC) no dia 22 de maio. Em comparação a semana passada, o município contabilizou 75 novos moradores contaminados pela doença.
O município, considerado em epidemia de dengue, também já registrou duas mortes pela dengue. A vítima é um homem de 64 anos que morreu no dia 18 de abril e uma mulher de 57 anos que morreu no dia 20 de maio.
Como a dengue reage em nosso corpo?
Emmanuelle Reis atua como médica na rede municipal de Saúde de Garuva e acompanha a chegada de contaminados pela dengue nas Unidades.
De acordo com a médica, os sintomas da doença são: febre alta de início súbito, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dor no corpo e nas articulações, prostração, falta de apetite, náuseas, vômitos, e exantema – um “grosseirão” – (no popular) geralmente no rosto, tronco e membros, sem poupar palmas das mãos e plantas dos pés, podendo dar muita coceira.
“Geralmente, esse grosseirão aparece quando a febre passa, complementa. Outro efeito típico da doença é o cansaço que surge quando a infecção desaparece.
A médica acrescenta que deve-se ter atenção maior com gestantes, idosos e crianças, diabéticos, portadores de asma e anemia falciforme, pois são grupos e fatores de risco para maior gravidade da doença.
Ela comenta que há quatro sorotipos do vírus da dengue e a imunidade é permanente para cada sorotipo. Entretanto, quando há imunidade cruzada (quando a pessoa é infectada por um sorotipo e gera imunidade com sorotipos diferentes do infectado) ela pode durar, apenas, três meses.
“Este medicamento não é recomendado em caso de suspeita de dengue”
Essa é uma frase que costumamos ouvir pela TV em propagandas de medicamentos, mas, que, até então, passava despercebida. A busca por medicamentos para diminuir os sintomas da dengue pode tornar-se algo perigoso quando há a automedicação, podendo agravar a doença.
Emmanuelle explica que, para o tratamento da dengue, não há, de fato, um tratamento específico, e é receitado medicamentos apenas para amenizar os sintomas, como analgésicos e antitérmicos, dando preferência ao Paracetamol e, ou, Dipirona. A médica ressalta que o vírus da dengue infecta células responsáveis pela formação de células de defesa e sanguíneas e pelo metabolismo do ferro.
“Então, a gente evita dar qualquer medicamento que possa interferir no funcionamento da medula óssea, baixando plaquetas ou células de defesa, pois isso pode ser sinal de gravidade na dengue”, complementa.
Emmanuelle enfatiza que é de extremo perigo o uso de medicações à base de ácido acetilsalicílico (o AAS) e anti-inflamatórios, comumente presentes em caixinhas de remédios das famílias.
“Essas medicações costumam baixar os níveis das plaquetas, células responsáveis pela coagulação do nosso sangue. Na dengue, costuma ocorrer uma diminuição na contagem dessas células, podendo ocorrer sangramentos. Se a pessoa faz uso dessas medicações, pode agravar (e muito) o quadro”, alertou.
Além das medicações receitadas para diminuir os sintomas, como explicado acima do texto, Emmanuelle informa que outra indicação para o tratamento da dengue é o repouso e a constante hidratação, pois uma das complicações pode ser a desidratação, principalmente após o terceiro dia de doença.
Vacina contra dengue
Conhecida como Dengvaxia, a vacina para prevenção da dengue é feita pelo laboratório Sanofi e não está disponível no SUS, podendo custar até R$ 300. Porém, de acordo com Emmanuelle, há uma vacina sendo testada pelo Instituto do Butantan que, caso efetivada, estará disponível nas Unidades de Saúde.
A vacinação é recomendada para pessoas entre 9 e 45 anos que moram em áreas endêmicas para a dengue, tornando-se efetiva, principalmente, em uma possível segunda infecção, explica a médica, que ressalta:
“E a pessoa tem que ter certeza de que teve dengue mesmo, e não chikungunya ou zika, que trazem sintomas bem similares e também são transmitidos pela picada do mosquito Aedes aegypti”.
Dengue hemorrágica
Do terceiro ao quarto dia após o surgimento dos primeiros sintomas, podem aparecer hematomas e, em seguida, manifestações hemorrágicas. Elas começam com pequenas manchas vermelhas ou marrons, chamadas de petequias, aglomeradas debaixo da pele ou das mucosas, indicando sangramento. Outra coloração comum são os hematomas roxos que surgem repentinamente, chamadas de equimoses.
O caso piora e eleva-se para sangramentos no nariz, gengiva e pela vagina. A febre, que havia parado, geralmente, retorna, podendo ocorrer, também, dores abdominais. Para Emmanuelle, estes são sinais de alerta da dengue hemorrágica, um agravamento do quadro clássico da doença, que pode acontecer na infecção por qualquer um dos quatro sorotipos, porém, é mais comum acontecer quando a pessoa contrai dengue pela segunda vez.

Faça sua parte
Para eliminar os focos do mosquito da dengue as ações são simples: evite usar pratos nos vasos de plantas. Se usar, coloque areia até a borda; guarde garrafas com o gargalo virado para baixo; mantenha lixeiras tampadas; trate a água da piscina com cloro e limpe-a uma vez por semana; mantenha ralos fechados e desentupidos; lave com escova os potes de comida e de água dos animais, no mínimo uma vez por semana; retire a água acumulada em lajes; limpe as calhas.
É importante, também, que o morador atenda os agentes em Saúde, deixem que entrem no seu terreno para verificar possíveis focos para eliminá-los. Eles fazem uma tarefa essencial nesse momento, inclusive tirando dúvidas da população.
Texto: Herison Schorr
Jornalista formado pela Faculdade Bom Jesus Ielusc
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