Moradora de Garuva conta como as sequelas da poliomielite marcaram sua vida

Luciane Cordeiro nasceu em 1975 quando o Brasil vivia o ano de maior contaminação pelo vírus da poliomielite: 3.596 registros, segundo dados da Fiocruz. Prematura, assim que o frágil corpo recém-nascido deixou o útero da mãe, foi acometido pela doença que, entre 1968 e 1989, afetou 26.827 crianças. A infecção lhe causou sequelas típicas: paralisia; em seu caso, em todo lado esquerdo do corpo, afetando, também, sua visão. 

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Ao olhar para o passado, ela lamenta a falta de oportunidade que teve de imunizar-se, em um país onde já havia vacina contra a doença desde 1961, mas sem a abrangência e continuidade necessárias para o controle, e carrega ao longo de sua vida a dura rotina de quem foi marcada pela pólio.

Infância

A moradora do bairro Jardim Itamaraty, em Garuva, lembra de uma infância pautada pelo desprezo e gozação dos colegas, conhecido posteriormente como ‘bullying’. O termo ainda não existia na época, mas era constantemente presente em sua vida. Da porta da casa para dentro, nada era diferente. Também não haviam perspectivas grandiosas para a menina com problemas de locomoção, e ela acreditou nisso.

Luciane na companhia dos pais. Foto/Acervo

“Na minha cabeça, eu tenho marcado o seguinte: ‘Ah, ela vai se casar e o marido cuida dela, ela não vai poder trabalhar’, porque era uma coisa que minha mãe tinha no inconsciente dela, ela achava que, talvez, um casamento fosse uma solução para o problema”, contou.

Adolescência 

A infância despedia-se com a contabilização de poucos amigos ao seu redor; ao despertar da adolescência, as amizades tornaram-se raras. Enquanto as meninas afloravam-se em suas belezas disputadas por rapazes, Luciane evitava um gesto comum.

“Eu não gostava de me olhar no espelho, de olhar para mim, eu tive que trabalhar isso com a ajuda de amigos – depois de adulta -; eu não gostava da Luciane enquanto deficiente física”, revelou.

Em um início de setembro, a então jovem passou a questionar um ato comum em sua vida durante aquele mês do ano, quando era impedida de participar dos ensaios para os desfiles cívicos de independência. A sugestão para o que acontecia veio de um familiar próximo.

“E ele falou que a gente envergonhava a escola, que a escola não permitia desfilar; éramos deixados de lado, porque tinha mais alunos com necessidades especiais na escola e esses alunos não iam desfilar no dia 7 de setembro”, disse.

Vida de casada

Luciane se casou três vezes, contraindo o primeiro matrimônio aos 14 anos. Ela lembra que assim que conheceu o marido foi convidada pela sogra para uma visita na casa dela. Chegando lá, materiais de limpeza lhe esperavam na porta. “Ela me fez limpar a casa dela inteira, eu passei o dia limpando a casa da sogra a mando dela, fazendo serviços, e ela disse: ‘Se eu tinha capacidade de cuidar de uma casa com filhos’”, lembrou sobre o teste que passou antes do casamento. 

Quando chegaram os filhos, Luciane propôs a eles a oportunidade que não teve, vacinando-os com todos os imunizantes disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), para evitar a possibilidade de um futuro parecido com o dela. “No começo, eu chorava que nem uma ‘bobona’ vendo uma criança pequena chorar, mas decidi pela vacina porque não tive a oportunidade de ter as vacinas, fiz pelos filhos o que minha mãe não pode fazer por mim. Eu gostaria muito de ter tido a oportunidade de ser vacinada, para não passar por tudo aquilo”, ressaltou.  

Ao completar nove anos de casamento, ele chegou ao fim, marcado de humilhação e desprezo do próprio marido, destituindo-a da pouca auto-estima que lhe restava com as palavras que ouviu dele.

“A primeira frase que ele falou para mim: ‘Agora estou feliz, realmente, me realizei’, e eu perguntei: ‘Por que?’, e ele olhou sério e disse: ‘Agora, tenho uma mulher que posso mostrar para a família e amigos, porque sei que ela não vai me envergonhar; eu tenho uma mulher inteira e não uma porcaria pela metade; essa caminha direito, essa anda direito’”, ouviu do ex-companheiro. Dentre os três casamentos, em dois sofreu duras agressões físicas, marcando seu corpo e sua memória, ainda lembrando nitidamente os dias que elas ocorreram.

Independência

Foram várias provações de trabalho que Luciane permeou como uma possibilidade de encaixar-se profissionalmente, na busca pela independência financeira. Como ela mesma vivenciou, as portas para pessoas com deficiência não costumam ser as mais acessíveis no mercado de trabalho.

“Conseguir emprego era e é muito difícil, porque a pessoa pensa que você tem uma deficiência física não é capaz de realizar as tarefas; eu sempre procurava emprego de doméstica e no comércio, mas as pessoas não valorizavam o serviço que eu fazia; em empresas, não conseguia passar pela experiência, por ser lenta”, afirmou. Dentre as profissões, acabou identificando-se como babá, profissão que exerceu por um tempo. 

Lado esquerdo de seu corpo foi afetado pela poliomielite. Foto/Acervo

Ao acompanhar no noticiário a queda da cobertura vacinal da poliomielite por desinteresse pela vacina, Luciane observa esse comportamento como de extrema irresponsabilidade por parte dos pais, em uma sociedade atual que tem facilmente acesso aos imunizantes. “Eu sei como sofri na infância, adolescência, e no mercado de trabalho”, lamentou. Atualmente, ela recebe o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Antes de receber o benefício, a dificuldade na captação de renda fez seu filho caçula tomar uma atitude que ficaria conhecida por todo o Brasil, em uma reportagem publicada pelo Folha Norte SC em 2020. Com a pouca oferta de faxina para sua mãe, André decidiu aprender e a comercializar itens de crochê, o que transformou para sempre a história da família, com a conquista de inúmeras doações que resultaram em uma casa própria.

O retorno do fantasma da pólio ao Brasil 

Juntamente com os demais países da Região das Américas, o Brasil foi certificado, pela Organização Mundial da Saúde, como livre da poliomielite no ano de 1994. Contudo, a doença, também chamada de pólio ou paralisia infantil, corre grande risco de ser reintroduzida no país. A avaliação é do pesquisador Fernando Verani, epidemiologista da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz). 

Os motivos para o alerta são vários. O principal deles é a baixa cobertura vacinal. Apesar da gravidade das sequelas provocadas pela pólio, o Brasil não cumpre, desde 2015, a meta de 95% do público-alvo vacinado, patamar necessário para que a população seja considerada protegida contra a doença. 

A poliomielite é uma doença infecto-contagiosa aguda causada pelo poliovírus selvagem responsável por diversas epidemias no Brasil e no mundo. Ela pode provocar desde sintomas como os de um resfriado comum a problemas graves no sistema nervoso, como paralisia irreversível, principalmente em crianças com menos de cinco anos de idade. 

No país, duas vacinas diferentes são oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para a imunização da pólio: a inativada e a atenuada. A vacina inativada deve ser aplicada nos bebês aos 2, 4 e 6 meses de idade. Já o reforço da proteção contra a doença é feito com a vacina atenuada, aquela administrada em gotas por via oral entre os 15 e 18 meses e depois, mais uma vez, entre os 4 e 5 anos de idade. 

Segundo o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), a cobertura vacinal com as três doses iniciais da vacina está muito baixa: 67% em 2021. A cobertura das doses de reforço (a de gotinha) é ainda menor, e apenas 52% das crianças foram imunizadas. Nas regiões Nordeste e Norte, a situação é ainda pior, com percentuais de 42% e 44%, respectivamente, para a imunização completa com as cinco doses.

Risco de reintrodução

Uma cobertura vacinal baixa aumenta em muito as chances do retorno do vírus ao país. Por exemplo, em fevereiro de 2022, as autoridades do Malawi, na África, declararam um surto de poliovírus selvagem tipo 1, após a doença infecto-contagiosa ser detectada em uma criança de 3 anos. A menina sofreu paralisia flácida aguda, uma das sequelas mais graves da enfermidade, a qual, muitas vezes, não pode ser revertida. 

O último caso de poliomielite no país africano havia sido notificado em 1992, e a África toda declarada livre da doença em 2020. A cepa do vírus responsável por esse caso está geneticamente relacionada à cepa circulante no Paquistão, um dos dois países do mundo, junto com o Afeganistão, onde a pólio continua endêmica.

“Enquanto a poliomielite existir em qualquer lugar do planeta, há o risco de importação da doença. É um vírus perigoso e de alta transmissibilidade, mais transmissível do que o Sars-CoV-2, por exemplo. Estamos com sinal vermelho no Brasil por conta da baixa cobertura vacinal, e é urgente se fazer algo. Não podemos esperar acontecer a tragédia da reintrodução do vírus para tomar providências”, afirmou Fernando Verani. 

A opinião é compartilhada pela pesquisadora Dilene Raimundo do Nascimento, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). “A pandemia veio acentuar ainda mais a vulnerabilidade das populações em relação às doenças infecciosas. Hoje, o deslocamento de pessoas é muito mais fácil e rápido, logo, a possibilidade de circulação do vírus aumenta. Há uma grave possibilidade de a pólio ressurgir no Brasil, como foi com o sarampo, em 2018. Por isso, precisamos chamar a atenção para o risco e para a necessidade de vacinação”.

O virologista Edson Elias, chefe do Laboratório de Enterovírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), explicou que a vacinação adequada evita, ainda, o perigo de mutação do vírus atenuado da pólio. “Quando a população está com baixa cobertura vacinal, há o risco de mutação do vírus, ao ser transmitido de pessoa para pessoa, tornando-se uma cepa agressiva”, ressaltou.

Sistema de vigilância também é fundamental

De acordo com Fernando Verani, também é motivo de preocupação a pouca eficiência nas estratégias de vigilância da doença para a contenção de possíveis surtos, como foi feito no Malawi. No país africano, o caso da menina infectada foi rapidamente identificado e a população local foi revacinada contra a poliomielite, impedindo uma epidemia viral.

“Há cerca de três anos, os protocolos de vigilância epidemiológica ficaram enfraquecidos no Brasil. Eles têm a finalidade de detectar e prevenir as doenças transmissíveis. As amostras de esgoto das cidades não têm sido recolhidas com a frequência esperada, e não há a notificação e investigação constante de possíveis casos de paralisia flácida aguda. O país possui os recursos e a expertise para manter a polio erradicada, mas não está tomando as ações necessárias”, disse o pesquisador da ENSP/Fiocruz.

O especialista teme que, caso haja uma importação da doença, o sistema de saúde talvez não consiga agir com a rapidez necessária para reprimir sua disseminação. “Se o vírus for reintroduzido e não houver uma notificação rápida do caso, podemos ter uma epidemia. Com as baixas coberturas vacinais que temos hoje, as crianças estão desprotegidas. Podemos ter centenas ou milhares de crianças paralíticas como consequência”, advertiu o pesquisador da ENSP/Fiocruz. 

Projeto de Reconquista das Altas Coberturas Vacinais

Em dezembro de 2021, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) e a Secretaria de Vigilância e Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) assinaram um protocolo de intenções para implementar um programa de Reconquista das Altas Coberturas Vacinais. 

O projeto estabelecerá uma rede de colaboração interinstitucional, envolvendo atores nacionais e internacionais dos setores governamental, não governamental e privado, em torno da melhoria da cobertura vacinal brasileira. O objetivo é implementar ações de apoio estratégico ao PNI para reverter a trajetória de queda nas coberturas vacinais dos Calendários Nacionais de Vacinação – da Criança, do Adolescente, do Adulto e ldoso, da Gestante e dos Povos Indígenas e, assim, assegurar o controle de doenças transmissíveis que podem ser controladas com o uso de vacinas, como a poliomielite.

Registrada no Brasil desde o fim do século XIX, a poliomielite é uma grave doença infecto-contagiosa aguda que provocou numerosos surtos e epidemias no país e em outras partes do mundo, no século XX. Embora a maioria dos países tenham eliminado a pólio, a doença ainda é registrada em algumas partes do mundo – o que é motivo de preocupação entre especialistas, pela possibilidade de reintrodução do poliovírus selvagem no país.

Dedicada ao estudo da história da doença, a historiadora Dilene Raimundo do Nascimento, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), relembra como a erradicação da paralisia infantil em território nacional demandou enorme esforço institucional desde o início da década de 1980 e foi uma grande conquista da saúde pública no início da década de 1990.

Organizadora do livro ‘A História da Poliomielite’, publicado em 2010, e de outros trabalhos sobre a doença, Nascimento detalha que no ano de 1911, o médico Fernandes Figueira fez a primeira descrição de um surto de poliomielite no país, no Rio de Janeiro. Em 1930, várias epidemias também foram registradas em São Paulo e outras capitais. “Na época, uma epidemia de paralisia infantil também já havia atingido fortemente os Estados Unidos, tendo as crianças como suas principais vítimas”, disse ela.

Foi só na década de 1950, contudo, que a poliomielite chamou a atenção da opinião pública no país, quando epidemias cresceram de proporção e se espalharam por diversas cidades brasileiras, incluindo a maior já registrada no Rio, em 1953, com cerca de 746 casos. Nessa época, a doença gerava grande medo pelas graves consequências causadas numa parcela das pessoas atingidas. 

A mobilização da comunidade científica levou ao desenvolvimento, ainda na década de 1950, das duas vacinas contra a doença usadas até hoje. O pesquisador e médico norte-americano Jonas Salk foi o responsável pela primeira, contendo o vírus inativado e injetável. A segunda, em gotinhas, e que traz o vírus atenuado, foi criada pelo pesquisador polonês Albert Sabin.

O Brasil contra a pólio

No Brasil, as atividades de imunização em massa foram iniciadas em 1961, com a adoção da vacina Sabin, mas sem a abrangência e continuidade necessárias para o controle da doença. Também nessa época, foi introduzida no país a técnica laboratorial de diagnóstico do poliovírus, no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Na década de 1970, o Ministério da Saúde tentou, ainda, utilizar de outras estratégias para vacinar a população e conter a doença, como a vacinação de rotina em vez da promoção de campanhas, sem muito sucesso. 

Em 1980, a partir de iniciativas internacionais de controle e erradicação, foi estabelecida a primeira estratégia de campanha nacional de imunização contra a pólio. O ‘Dia Nacional de Vacinação’ tinha o objetivo de vacinar todas as crianças de até 5 anos de idade em todo território nacional, em único dia. Segundo Dilene, com apenas três anos de existência da campanha, a incidência da pólio se aproximou de zero. Somente entre os anos de1968 e 1989 o Brasil havia contabilizado mais de 26 mil casos da infecção, conforme dados do Ministério da Saúde. 

O último caso de poliomielite paralítica, causada pelo poliovírus selvagem, ocorreu em 1989, na cidade de Souza, na Paraíba. A doença é considerada oficialmente eliminada do território nacional desde 1994, quando foi emitido o certificado da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS). Apesar disso, desde 2015, o Brasil não atinge a meta de 95% do público-alvo vacinado, patamar necessário para que a população seja considerada protegida. 

Atualmente, o vírus selvagem permanece endêmico em apenas dois lugares do mundo: Paquistão e Afeganistão. Em fevereiro, um surto também foi identificado no Malawi. A nação africana não registrava casos de poliomielite desde 1992. Especialistas da Fiocruz alertam para o risco de a doença ser reintroduzida no Brasil (link), por conta das baixas coberturas vacinais e a falta de vigilância constante.

Diminuição da procura por imunizantes de crianças é observada em outras vacinas

O estado de Santa Catarina tem identificado uma significativa redução nas coberturas vacinais nos últimos anos, alertou o Diretório de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina. De acordo com a entidade, a pandemia da Covid-19 impactou as ações de imunização, embora a baixa procura pelas vacinas também possa ser explicada pela falsa sensação de segurança causada pela diminuição ou ausência de doenças imunopreveníveis (poliomielite, varicela, sarampo, tétano e muitas outras), movimento antivacinas, desconhecimento da importância da vacinação, falsas notícias veiculadas, especialmente nas redes sociais, e interoperabilidade dos sistemas de informações. 

Tabela apresentada pela Dive aponta diminuição na procura por vacinas para crianças e adolescentes em Santa Catarina. Arte: Dive

A prevenção de doenças infecciosas mediante o processo de vacinação (imunização) é uma das medidas mais seguras e custo-efetivas para os sistemas de saúde, destaca a entidade. “A partir da imunização foi possível evitar milhões de óbitos e incapacidades ao longo da história, seja controlando várias doenças como sarampo, rubéola e poliomielite ou, até mesmo, erradicando, como a varíola”, afirmou em relatório.

Para isso, coberturas adequadas e homogêneas se fazem necessárias para todos os grupos populacionais: crianças e adolescentes, alunos de escolas públicas ou privadas. A Dive reforça que as vacinas utilizadas atualmente no país são seguras e eficazes, com eficácia comprovada, independentemente da tecnologia utilizada. “Todas as vacinas utilizadas no âmbito do Programa Nacional de Imunização (PNI) foram aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, destacou.

Transmissão e sintomas

A poliomielite é transmitida, geralmente, através da boca, a partir do contato direto com fezes contaminadas ou por água e alimentos contaminados por essas fezes. Por isso, locais com falta de saneamento, más condições habitacionais e de higiene pessoal precária são mais suscetíveis a doença. A pólio também pode ser disseminada pela forma oral-oral, através de gotículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar. 

O poliovírus se multiplica, inicialmente, nos locais por onde ele entra no organismo (boca, garganta e intestinos). Em seguida, vai para a corrente sanguínea e pode chegar até o sistema nervoso. Desenvolvendo ou não sintomas, o indivíduo infectado elimina o vírus nas fezes, dando continuidade ao ciclo viral. O vírus da poliomielite é bastante resistente, e pode sobreviver durante meses no esgoto.

Na maior parte dos casos, conforme explicado pelo virologista Edson Elias, chefe do laboratório do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), os infectados apresentam poucos sintomas ou nenhum, com um quadro semelhante à gripe, com febre e dor de garganta, ou às infecções gastrintestinais, com náusea, vômito, constipação e dor abdominal. Mas parte dos infectados, especialmente crianças com menos de cinco anos, podem sofrer com formas graves da poliomielite.

Nesses casos, o vírus, após atacar o sistema nervoso, pode causar paralisia flácida aguda permanente, insuficiência respiratória e até o óbito. Em geral, a paralisia se manifesta nos membros inferiores de forma assimétrica, ou seja, ocorre apenas em uma das pernas. As principais características da sequela são a perda da força muscular e dos reflexos, sem perda de sensibilidade.

“Cerca de 97% dos infectados sofre com um quadro respiratório leve, 2% podem apresentar um quadro de meningite e menos de 1% vai desenvolver a paralisia. Após a infecção, não há cura para a paralisia infantil. Uma vez paralítica, a criança está paralítica pelo resto da vida, é um grande drama. A melhor prevenção é a vacina”, destacou Elias.

Dia D de vacinação

O Ministério da Saúde realiza, entre 8 de agosto e 9 de setembro, mais uma edição da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e da Campanha Nacional de Multivacinação. O Dia D de divulgação e mobilização nacional será neste sábado (20) de agosto, mas estados e municípios têm autonomia para estipular datas adicionais.

Dia D de vacinação contra a pólio é neste sábado (20). Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Serão vacinadas contra a pólio as crianças menores de 5 anos. O objetivo é alcançar no mínimo 11.572.563 de indivíduos nessa faixa etária. Já para a atualização das vacinas de rotina de forma geral, o público-alvo são os menores de 15 anos. Em ambos os casos, não há necessidade de guardar intervalo em relação à vacina contra a Covid-19.

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) destaca que o engajamento da população é fundamental para o Brasil se manter livre de doenças que podem levar à morte ou deixar sequelas. Compareça às Unidades Básicas de Saúde (UBS).

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Informações complementares obtidas no site da Fiocrus e Ministério da Saúde

Texto: Herison Schorr

Jornalista formado pela Faculdade Bom Jesus Ielusc