Histórias dos pescadores de Itapoá vira livro infantil  

“Era uma vez, uma menina muito feliz, chamada Iolanda. Ela nasceu em São Francisco do Sul e foi criada próximo ao trapiche da Figueira, em Itapoá. Brincar nos barrancos de areia no mar eram as maiores alegrias de sua infância…”

Esse é um pequeno trecho de uma grande obra que preservará para sempre as memórias dos pescadores de Itapoá. Chamado de “Histórias de Pescador”, o livro foi publicado esse ano e apresenta aos seus leitores 10 histórias dos trabalhadores da pesca do município, como conta a idealizadora Cíntia Beatriz Machado Pereira, 49 anos, professora e arte-educadora, moradora do Balneário Itapoá.

Pescadores de Itapoá eternizaram suas histórias em um livro. Foto: página Histórias de Pescador

Ao lado da sobrinha, a designer e redatora Ana Beatriz Machado Pereira da Costa, 27 anos, e da irmã Patrícia Machado Pereira, 53 anos, professora e contadora de histórias, moradoras de Itapema do Norte, elas fizeram uma ponte entre as vivências dos antigos moradores das localidade do Pontal, Figueira e Jaguaruna com as novas gerações. 

O início dos trabalhos

Com a proposta da obra de preservar as histórias dos pescadores de Itapoá, a equipe foi a campo pesquisar possíveis fontes para o livro. De porta em porta, as itapoaenses iam descobrindo uma história a cada visita. 

“Essa parte foi bem demorada porque as entrevistas não eram marcadas, então tínhamos de ter sorte de encontrar os pescadores por lá. E também o covid atrapalhou e atrasou bastante, já que nesse meio tempo muitos tiveram covid, inclusive eu e minha mãe, e como os pescadores são mais velhinhos, tivemos um pouco de cautela pra fazer essa etapa”, explicou Ana. 

A jovem conta que a receptividade por parte dos pescadores foi acolhedora e as conversas que geralmente deveriam ser em torno de uma hora se prolongavam durante o dia, com muitos momentos de emoção por parte de quem volta no passado para resgatar suas memórias de infância: “Eles são tão sábios, foi muito especial. A gente ria, chorava, ria mais um pouco… São pessoas muito simples e grandiosas”, comentou.

Autoras do livro participaram do projeto Ampliar, criado pelo Porto Itapoá. Foto: Acervo

Com os relatos em mãos, antes mesmo que o livro fosse publicado, Patrícia contou as histórias para os alunos da Escola Municipal Zózimo, da Figueira, os quais contribuíram com o enriquecimento do livro, criando, com a supervisão da professora Cíntia, desenhos para representar as cenas dos personagens da obra. A professora, que já atuou como contadora de histórias e bibliotecária na Escola Ayrton Senna, destaca a satisfação da comunidade em ver suas histórias representadas em um livro. “Li, também, as histórias para os pescadores e a comunidade no dia do lançamento do livro. Alguns pescadores se emocionaram e choraram. Foi lindo! Haviam netos , sobrinhos, familiares dos pescadores na escola”, revelou. 

Após a conclusão dos desenhos, as ilustrações foram acrescentadas à obra, que foi impressa em 50 unidades e também disponível gratuitamente de forma digital. A realização do trabalho faz parte do projeto Ampliar, uma iniciativa do Porto Itapoá que incentiva atividades sociais nas comunidades impactadas pelo empreendimento. “O projeto do livro Histórias de Pescador foi escrito, depois inscrito no Ampliar, passou por votação e foi um dos selecionados. Foi através do Ampliar, essa iniciativa do Porto, que o livro Histórias de Pescador foi viabilizado”, explicou a designer. 

Para  Ana, a satisfação em publicar um livro sobre as histórias dos pescadores de Itapoá está no legado deixado para o futuro.

 “Muito da cultura vai se perder aos poucos, como o fandango e a pesca. É preciso contar essas histórias, quem são essas pessoas, o quê eles fazem, o quê motiva esse espírito livre, a importância deles para economia, para o turismo e para o desenvolvimento do município. Afinal, a pesca é ‘a cara’ de Itapoá; como a gente colocou no prefácio do livro: ‘Se a história de Itapoá fosse retratada num filme, ou livro, os pescadores deveriam ser os protagonistas. Eles entendem sobre essa terra, esse mar e essa vida como ninguém”, encerrou.

Para ter acesso ao livro digital, clique aqui.

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Texto: Herison Schorr

Jornalista formado pela Faculdade Bom Jesus Ielusc