Conheça o Dia do Nativo de Itapoá, data que entrou no calendário festivo do município

O dia 22 de abril conquistou um significado especial no calendário festivo de Itapoá. Após um projeto de lei da vereadora Izabel Correia Marcondes (PL) ser aprovado em 2021, o dia foi escolhido para homenagear os moradores natos deste cantinho no Norte do Litoral catarinense. Nesta primeira edição, o Dia do Nativo será marcado por celebrações.

Izabel, vereadora que instituiu o Dia do Nativo em Itapoá, também tem uma relação primordial com o município, sendo, também, uma nativa. Sua infância, assim como as infâncias de inúmeras crianças itapoaenses, é relacionada com o mar. “Dia inteiro no mar, conversando com turistas e ir na única mercearia do seu Loreno Cunha e ganhar doces”, conta. Na sua adolescência, estudou na Escola Estadual Nereu Ramos e na vida adulta optou por estudar direito, tornando-se servidora pública e a primeira vereadora eleita em Itapoá. 

Sobre seu projeto, Izabel destaca a necessidade de ressaltar a vida dos nativos de Itapoá. “Celebrar a data que remete aos primeiros moradores da cidade, caiçaras, nativos é preservar a história dos mesmos, por isso, a importância; é celebrar e festejar nossas raízes, lembrar do passado, lutar no presente e preparar um futuro ainda melhor”, explica.

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Itapoá e suas gerações

Hermes Soares Gomes Júnior, conhecido pelos amigos e familiares como Amin, tem 39 anos e trabalha como operador junior no Porto Itapoá. Ele é a terceira geração de moradores natos do município, algo que lhe remete orgulho, como o refletido na capa de seu Facebook: um registro de seu avô na década de 60, mostrando-o em mais uma rotina de trabalho como pescador, assunto que iremos comentar a seguir.

Amin conta que em sua infância vivenciou a Itapoá primitiva, ainda pertencente ao município de Garuva, com um povo simples e unido. Segundo ele, perigos não existiam; brinquedos, também não. “Carrinho de lata de leite em pó era a nossa diversão. Campeonato de bolinhas de gude atraiam a guriada da redondeza. Meu pai saia para pescar e só voltava à tarde. Passava no bar do meu vô e pegava a farinha, estava feito o nosso ‘rango’. Tudo era tão simples e tão bom”, lembra de relances passagens de sua infância. 

Amin em um dia de pescaria ao lado dos amigos. Foto: Acervo

Outros momentos marcantes eram com a vizinhança, quando todos se se amontoavam de sua casa para assistir os programas em umas das primeiras televisões no bairro Itapema, que era da sua família. 

Fazendo uma viagem ao passado, Amin conta sobre o nascimento do seu pai, típico itapoaense. “Meu pai nasceu em um rancho de pau a pique no pé de um morro”, casas comuns dos primeiros moradores. Ao crescer no município, conquistou o coração da comunidade, “não atoa batizou o maior campo de futebol da cidade: “Estádio municipal Hermes Soares Gomes”, destacou o filho. 

Hermes Soares Gomes marcou sua geração em Itapoá. Foto: Acervo

Ainda mais distante na linha do tempo, Amin lembrou das histórias que ouvia de seu avô Jorge Soares Gomes, conhecido no município como Barra Velha, que chegou na região aos 2 anos de idade. O neto conta que Jorge foi um dos desbravadores de Itapoá, abrindo as primeiras estradas no machado e vivendo da caça e da pesca.

Jorge foi o primeiro morador a realizar a mesa de praia em Itapoá onde realizada as vendas da pescaria do dia. A foto é datada da década de 60. Foto: Acervo

Para o município, Jorge trouxe inovações, como a primeira bicicleta e o primeiro a fazer uma mesa de praia para limpeza e venda dos pescados. Falando em foto, o avô de Amin está presente nos clássicos registros que eternizaram a rotina dos primeiros moradores de Itapoá, e o desenrolar de seu desenvolvimento.

Observando a Itapoá de hoje, Amin comenta que existe um ditado muito antigo no município, que diz assim: “Quem bebe dessa água sempre volta”.  

“Acho que esse magnetismo de Itapoá já responde o que ela tem de melhor. Tudo!”, complementa.  O morador admite que não conseguiria morar em outro lugar. 

Amin acredita que quem tem o privilégio de ser originário de Itapoá não esconde o orgulho por isso. “É uma relação de mãe e filho. Itapoá, mesmo no início de tudo, na dificuldade de uma cidade isolada, sem luz ,água encanada, nunca deixou seus filhos perecerem. O peixe, a farinha de mandioca, a caça do mato sempre mataram a fome dos primeiros e verdadeiros guerreiros”.

Sob a perspectiva de um jovem nativo

O itapoaense João Vinícius de Lucas, de 16 anos, é o orgulho do município. Medalhista no tênis de mesa, vive em Itapoá desde o nascimento. Para o jovem, o que Itapoá lhe oferece de melhor é o misto de tranquilidade e diversão. “Morar em Itapoá é muito divertido, pois posso andar com segurança e há bastante praia e açaí, então, posso comer o que eu gosto e nadar no mar”, listou.

João é morador de Itapoá e medalhista no tênis de mesa. Foto: Herison Schorr

Porém, por outro lado, João lamenta a deficiência presente no município em dois fatores: “o que eu menos gosto de Itapoá é a infraestrutura das ruas que debilitou bastante, não gosto também da demora dos ônibus para sair para pegar os que esperam ele, ou para voltar, pois isso é chato e eu não gosto disso”, contou.

João torce para que Itapoá cresça e se torne uma metrópole com muitas pessoas e disponibilidade de emprego, além de mais infraestutura, esporte e que contuinue uma boa convicência entre os moradores.

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Texto: Herison Schorr

Jornalista formado pela Faculdade Bom Jesus Ielusc